quinta-feira, 20 de agosto de 2015

 

ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO
 E ARQUEOLÓGICO DE ALJEZUR

 ESCAVAÇÃO NO SÍTIO DA BARRADA - NOTA DE IMPRENSA

 
 
 

Ficou concluída na semana passada a 4ª e derradeira campanha de escavações no
Sítio da Barrada, em Aljezur, realizada pela ADPA (Associação de Defesa do
Património de Aljezur) e dirigida pelas arqueólogas Elisabete Barradas, Silvina Silvério e Maria João Dias da Silva.
 
Os trabalhos arqueológicos neste local iniciaram-se em 2010 e têm contado com o financiamento da autarquia e de algumas entidades privadas sediadas no concelho.
 
O sítio arqueológico, localizado em pleno centro urbano da vila, junto à Escola Básica, é muito interessante pois apresenta vestígios de três comunidades humanas que ocuparam este local em momentos distintos: na Pré-história, no período islâmico e em época moderna. A primeira ocupação da Barrada remonta ao período correspondente ao final do Neolítico e início do Calcolítico, há cerca de 5 mil anos, altura em que uma comunidade pré-histórica construiu neste local dois monumentos funerários para receber os seus mortos. Foram descobertos dois hipogeus integralmente escavados na rocha, destacando-se o Hipogeu 1, pelo seu bom estado de conservação e elevado interesse científico. Este monumento, cuja cúpula de rocha abateu permitindo a selagem e conservação dos vestígios, é composto por uma antecâmara e uma cripta funerária onde se encontraram ossadas de vários indivíduos, acompanhadas por oferendas funerárias (instrumentos de pedra polida, instrumentos em sílex, contas de colar, uma bracelete em concha), cujo levantamento e estudo tem sido feito pela antropóloga Cláudia Santos.
 
Posteriormente, durante a época islâmica, estabelece-se neste local um pequeno
núcleo habitacional, provavelmente familiar, de tipo rural, que segundo o espólio
recolhido ali permaneceu entre os séculos IX e XI. Estas gentes deixaram como
testemunho, para além de cerca de três dezenas de fossas circulares de tipo silo e
negativos de outras estruturas, uma grande quantidade de peças de cerâmica, que
após restauro, se encontram atualmente expostas no Museu Municipal de Aljezur.
 
O derradeiro momento de ocupação do sítio ocorre em época moderna (séculos XVI e XVII), testemunhado por uma edificação em pedra, de planta circular, que poderá ter funcionado como torre atalaia ou moinho de vento.

Em breve, está previsto realizar-se o projeto de conservação e musealização do sítio
arqueológico, conforme ficou estipulado em reunião na qual estiveram presentes a
C.M. de Aljezur, a D.R.C.A., a A.D.P.A. e as arqueólogas responsáveis, com o objetivo
de tornar o Sítio da Barrada visitável, constituindo um ponto-chave para a descoberta do passado e do património histórico-cultural do Concelho.


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