ASSOCIAÇÃO
DE DEFESA DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO
E ARQUEOLÓGICO DE ALJEZUR
ESCAVAÇÃO
NO SÍTIO DA BARRADA - NOTA DE IMPRENSA
Ficou concluída
na semana passada a 4ª e derradeira campanha de escavações no
Sítio da
Barrada, em Aljezur, realizada pela ADPA (Associação de Defesa do
Património de
Aljezur) e dirigida pelas arqueólogas Elisabete Barradas, Silvina Silvério e
Maria João Dias da Silva.
Os trabalhos arqueológicos neste local iniciaram-se
em 2010 e têm contado com o financiamento da autarquia e de algumas entidades privadas
sediadas no concelho.
O sítio
arqueológico, localizado em pleno centro urbano da vila, junto à Escola Básica, é muito
interessante pois apresenta vestígios de três comunidades humanas que ocuparam este
local em momentos distintos: na Pré-história, no período islâmico e em época
moderna. A primeira ocupação da Barrada remonta ao período correspondente ao
final do Neolítico e início do Calcolítico, há cerca de 5 mil anos, altura em
que uma comunidade pré-histórica construiu neste local dois monumentos
funerários para receber os seus mortos. Foram descobertos dois hipogeus
integralmente escavados na rocha, destacando-se o Hipogeu 1, pelo seu bom
estado de conservação e elevado interesse científico. Este monumento, cuja
cúpula de rocha abateu permitindo a selagem e conservação dos vestígios, é
composto por uma antecâmara e uma cripta funerária onde se encontraram ossadas
de vários indivíduos, acompanhadas por oferendas funerárias (instrumentos de
pedra polida, instrumentos em sílex, contas de colar, uma bracelete em concha),
cujo levantamento e estudo tem sido feito pela antropóloga Cláudia Santos.
Posteriormente,
durante a época islâmica, estabelece-se neste local um pequeno
núcleo
habitacional, provavelmente familiar, de tipo rural, que segundo o espólio
recolhido ali
permaneceu entre os séculos IX e XI. Estas gentes deixaram como
testemunho, para
além de cerca de três dezenas de fossas circulares de tipo silo e
negativos de
outras estruturas, uma grande quantidade de peças de cerâmica, que
após restauro,
se encontram atualmente expostas no Museu Municipal de Aljezur.
O derradeiro
momento de ocupação do sítio ocorre em época moderna (séculos XVI e XVII),
testemunhado por uma edificação em pedra, de planta circular, que poderá ter funcionado
como torre atalaia ou moinho de vento.
Em breve, está
previsto realizar-se o projeto de conservação e musealização do sítio
arqueológico,
conforme ficou estipulado em reunião na qual estiveram presentes a
C.M. de Aljezur,
a D.R.C.A., a A.D.P.A. e as arqueólogas responsáveis, com o objetivo
de tornar o
Sítio da Barrada visitável, constituindo um ponto-chave para a descoberta do
passado e do património histórico-cultural do Concelho.